Um Olhar Sobre São Tomé e Príncipe

Pugno por uma sociedade em que somos efetivamente livres e não somos taxados ou anexados aos partidos políticos ou às figuras emblemáticas do nosso país.

Ao olharmos para a dimensão e a quantidade de países existentes no mundo, podemos concluir que somos de facto um micro Estado. Contudo, não devemos nos limitar ao nosso espaço geográfico e a nossa posição perante outros Estados. Devemos olhar para nós mesmos e entender como queremos nos projetar e nos apresentar ao mundo. É esse o desafio que temos como São-Tomense, qual é o legado que queremos deixar ao mundo? Em que situação nós nos encontramos em relação aos outros países? O que pode e deve ser feito para que possamos efetivamente dar passos credíveis e sérios nesse sentido?

Adelino Pereira

Tendo presente a atual conjuntura internacional, na qualidade de defensores dos princípios constitucionais de liberdade, de igualdade e sonhadores com um modelo de desenvolvimento socioeconómico sustentável para o nosso país, devemos, sem margens para dúvida, refletir, debater e reencontrarmo-nos de forma a estabelecermos e deixarmos claro que Estado queremos e almejamos, caso contrário seremos todos chamados a aceitar e a conviver com um Estado com o qual não nos identificamos.

O artigo 1.º da nossa lei magna nos diz que somos um Estado soberano e independente, empenhando na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, na defesa dos Direitos do Homem e na solidariedade ativa entre todos os homens e todos os povos. Será que é isso que efetivamente acontece na prática? Estamos diante de um mero formalismo ou de uma realidade? Como é que nós nos projetamos no mundo como Estado?

Mediante tais questionamentos, somos todos chamados a dar o nosso contributo para que a tendência se inverta ou se mantenha, para que se mude de mentalidade ou para que se reforce a mentalidade existente. Nessas reflexões e análises, creio que não devemos deixar de lado o pluralismo social e mundial, pois existem indivíduos com visões e posições diferentes das nossas, mas devemos procurar nessas visões distintas e divergentes um denominador comum e encontrar nelas margens para negociação, cooperação e, consequente, desenvolvimento pessoal e colectivo. 

A nossa constituição é clara no número 1.º do artigo 29.º ao dizer-nos que todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento. Mas não estamos diante de um direito absoluto, pois tem limites e devemos todos respeitar os limites estabelecidos pela nossa lei magna.

Pugno por uma sociedade em que somos efetivamente livres e não somos taxados ou anexados aos partidos políticos ou às figuras emblemáticas do nosso país. Enfileirar-se num partido político é uma opção pessoal, conforme nos diz o artigo 32.º da nossa Constituição.

Somos, também, todos livres de escolher as profissões que queremos, no meu caso decidi ser Advogado e exerço a minha profissão com zelo e dedicação dentro dos limites profissionais e deontológicos que me são impostos pelo nosso Estatuto.

Em jeito de conclusão, creio que é chegada a altura de mudarmos o atual paradigma interno e dar um novo rosto ao nosso país. Estou comprometido e empenhado na nobre tarefa de refletir, analisar e debater para o bem e melhor do país que todos nós amamos, quer estejamos dentro ou fora do mesmo.

Somos +, somos santomenses, somos São Tomé e Príncipe.