25 de Abril!, o Nosso 25 de Abril

O Centro de História da Universidade de Lisboa criou um repositório de documentos que ilustra de forma muito interessante como se viveu o 25 de Abril em São Tomé e Príncipe.

O contexto político e social da época encontra toda expressão possível num simples título, o título do projecto:  Abril em S. Tomé e Príncipe (1974–1975): Documentos e Vivências.

São documentos, fotos, jornais, folhetins, testemunhos, bibliografia etc. que no conjunto ilustram bem um momento fundamental da nossa história, cuja memória partilhamos com Portugal, num tempo, hoje, no qual se está a tornar central pensar Abril, 50 anos depois, como um dos marcos fundacionais das Nações Africanas de Língua Oficial Portuguesa e do Portugal democrático pós-imperial, numa perspectiva de indissociável correlação. 

 A história é o que é, fez-se e vai sendo feita, por isso, normalmente, conhecendo-a, aprende-se para agir melhor no presente e dela tiram-se ensinamentos para definir o futuro que se pretende. Nesta óptica, dentre dezenas nas de peças surpreendentemente importantes que encontramos na página, chama a atenção um documento da Frente Popular Livre, o nº 2 do Pôvô Kódá-ô (órgão oficial do partido) cujo título é “Diálogo”, um curto desafio, mas pungente, ao diálogo, no sentido plural, patriótico, responsável e estratégico.

O texto impressiona por ser actual, por expor cruamente a nossa permanente incompetência de, em 50 anos, não termos sido capazes, quase nunca, de debater sem complexos e de concluir consensos necessários assumíveis por todos como de todos, como do País. O texto impressiona ainda – chega mesmo a arrepiar – pela qualidade conceptual de Democracia plural que propõe para São Tomé e Príncipe, em 1974.

Trata-se, indubitavelmente, de mais um trabalho de valorização e de enriquecimento da história do País. É mais uma iniciativa, de muitas, que temos de agradecer ao Augusto Nascimento (coordenador), mas também ao Eng.º Daniel Nunes (fonte) por ter sabido conservar imenso material histórico relativo à São Tomé e Príncipe e por ter colocado ao dispor o seu vasto espólio documental, nunca será excessivo fazê-lo, obrigado Augusto, obrigado Daniel Nunes.