Editorial

O nosso silêncio.

Estivemos ausentes durante algum tempo, por razões e circunstâncias várias que se prenderam com fatos e realidades que não pudemos controlar e que tiveram impacto nas nossas atividades.

Após as últimas eleições legislativas, assistimos ao recrutamento de parte da nossa equipa de trabalho para posições de destaque na função pública, ocorreram os nefastos acontecimentos de 25 de Novembro e tantas outras peripécias, que resolvemos nos remeter a um curto silêncio.

Optamos por nos remeter ao silêncio, distanciando-nos do tumulto exterior, procurando a quietude que leva à reflexão e que permite a interpretação dos factos de forma desapaixonada, racional, reflexão essa indispensável a compreensão da realidade.

A nossa opção foi feita de modo a evitar a instrumentalização das nossas opiniões e dizeres num momento em que o dedo acusador apontava de forma emocional para todos os lados.

Mas achamos que é tempo de nos posicionarmos pois não devemos ficar calados, e é necessário continuar a plantar esse pequeno grão de esperança e porque não de fé, que temos em relação ao nosso país, de modo a contribuirmos para a almejada mudança que merecemos enquanto Santomenses.

A nossa sociedade está doente há demasiado tempo, perdeu os valores ético-morais básicos  que regulam a convivência  numa sociedade sã e isso não é de hoje, assumamos. Não há um só culpado, nem há somente meia dúzia de culpados, não há já margem para continuar a promover bodes expiatórios que elidem responsabilidades coletivas, pois acabamos por ser todos  culpados e responsáveis, uns  porque contribuíram e contribuem através da corrupção, de comportamentos reprováveis, da falta de civismo, de comportamentos inadequados e irresponsáveis  e outros porque aceitaram e aceitam passivamente e silenciosamente ao desmoronar da nossa sociedade, dos nossos valores, num atirar a toalha ao chão, resignados e sem acreditarem ser possível construir um São Tomé e Príncipe diferente e mais justo para todos.

Estamos de volta com pretensões mais fortes, pois pudemos enquadrar-nos mais na vida quotidiana do nosso país e regressar com o trabalho de casa um pouco melhor feito.

Sentimos a necessidade de reagrupar-nos e de uma forma objetiva concentrar-nos nas diferentes questões que achamos pertinentes comentar e analisar na nossa sociedade. Por isso, exortamos e desafiamos todos que comunguem dos nossos valores, das nossas preocupações e ansiedades, e que se julguem úteis e capazes, que se juntem ao projecto, sugerindo abordagens, propondo iniciativas e submetendo textos. Contactem-nos!

Hoje como ontem iremos tentar dissecá-los e consequentemente apresentar soluções do nosso ponto de vista, o que não implica que sejam as mais corretas, mas é isso que faz a diferença, apresentar soluções, pois queremos evitar o criticismo acéfalo habitual e tentar contribuir com algo um pouco mais substancial.

É tempo de agir e somos mais a querer contribuir.

A Coordenação.