Poder-se-á constatar que um país como STP, em constante e notória dificuldade de financiamento, tem-se dado ao luxo de arcar com custos consideráveis com capital humano subaproveitado.
I – Constatação e Intenção.
A égide de SOMOS+ na sua Visão e Missão apresenta como objetivo fundamental, a promoção da qualidade de vida dos cidadãos nacionais residentes em STP e na diáspora bem como os que por razões de negócios, turismo ou afetividade residam ou estejam de alguma forma ligados ao país.
Assim sendo, o alcance de tal desiderato não parece ser possível sem instituições sãs, munidas de boa governação que impactarão na atratividade, confiabilidade e ambiente de vida e de negócios de um país e que só se consolidará mediante uma real reforma interdependente.
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Do Sistema Nacional de Saúde. Países como STP devem repensar com muita profundidade sobre os caminhos pelos quais pretende enveredar em matéria de garantia de serviços básicos sanitários bem como a forma como pretende alcançar alguma resiliência face à surtos potenciais / inevitáveis. Por um lado, a falta de medidas de política que assegurem a saúde e bem-estar num país, num contexto de livre mobilidade de cidadãos no mundo, completamente globalizado, compromete o bem-estar dos demais países com que se relacionam. Por outro, países fortemente dependentes de serviços de saúde externos comprometem o aumento da poupança dos residentes e a consequente fuga de reservas externas, prevalecendo a alocação de recursos / poupanças para viagens de turismo de saúde, recursos estes que podiam ser absorvidos internamente se houvessem serviços da mesma natureza. De se referir que, em países fortemente dependentes, a oferta, quer pública quer privada, de serviços de saúde não satisfazem as necessidades das populações sendo que a fuga de recursos para o exterior impacta negativamente em termos transversais.
Do saneamento, transporte, energia, telecomunicações e outras infra-estruturas. Para todo o tipo de produção de bens e serviços, para o sistema educativo, saúde bem como para os demais sectores, o garante destas infra-estruturas constituem o pilar de desenvolvimento.
Da agricultura e pecuária, indústria, comércio e serviços. Os custos de produção, em qualquer sector, estão interligados pelo que não dependem somente de insumos, mão de obra, tecnologia e condições naturais e climatéricas. A efetiva dinamização e diversificação dos sectores económicos no caso de STP deve ser acompanhada pelo aumento da produtividade e a diminuição do peso do sector público na estrutura do PIB. Tal transição pode acontecer com a crucial promoção do sector privado sustentada pela consolidação do sector turismo, a captação de IDE de qualidade, o aumento da exportação de bens e serviços e a substituição das importações do país, gerando, deste modo o aumento de reservas internas e externas. Acções governativas com foco nestes aspetos, através da dinamização da economia, resultarão na promoção do emprego, reforço da produtividade, o consequente incremento rendimento das famílias e aumento da captação tributária, promovendo a diminuição da desigualdade social.
No geral, para o efeito, a diminuição da dependência externa, o maior alinhamento com parceiros de desenvolvimento, bem como uma eficaz capacidade de absorção da Ajuda Pública ao Desenvolvimento devem também merecer toda a devida atenção. No âmbito da concepção ou seguimento da estratégia de novos financiamentos justifica-se ainda proceder à avaliação e consequente identificação de parceiros de desenvolvimento, de acordo com grandes opções do plano que seja consistente, acautelando a razoabilidade dos indicadores de sustentabilidade da dívida também no médio e longo prazo tendo presente o comprometimento de cada governação, face à geração futura.
Outrossim, a aposta em alternativas viáveis para a Juventude no actual contexto de estrutura demográfica não deve ser negligenciada, bem como a valorização da Cultura, enquanto indústria criativa.
II – Entraves prementes.
De acordo com o observado nos últimos anos, decorreram e decorrem erros procedimentais, alguns abusivos, outros por ignorância / inexperiência de muitos órgãos de gestão. Deve começar-se por dar atenção aos detalhes.
Enfatize-se que persistem nomeações de quadros sem o devido cumprimento dos requisitos para a área afeta, o que compromete a capacidade de gestão e de análise e a possibilidade de implementação do preconizado nas atribuições estabelecidas na orgânica institucional. A continuidade dos processos, ainda que adequada, não é assegurada, não sendo dada a devida atenção aos fundamentos, ao básico, aos recursos mais valiosos, aos recursos humanos.
De se referir que observando as despesas públicas anuais ligadas aos salários e às regalias subjacentes, analisando o grau de produtividade de número de quadros qualificados adequados consignados às áreas chave, poder-se-á constatar que um país como STP, em constante e notória dificuldade de financiamento, tem-se dado ao luxo de arcar com custos consideráveis com capital humano subaproveitado. Ou seja, os encargos desta natureza quando comparados com o nível de produtividade, sugerem a predominância de ineficiências e até ausência de qualificações específicas em áreas específicas. Além disso, denota-se um certo fomento à leviandade técnica, pois para ser assegurado o não envolvimento de capital humano qualificado que entendam estar associado à alguma cor partidária, são cometidos vários erros de procedimento e, consequentemente, são tomadas decisões infelizes. O envolvimento de pessoas certas para os lugares certos, como regra básica para racionalização e rentabilização de recursos humanos, é preterido em virtude de sucessivos erros.
Os quadros qualificados, optimizados por sua boa selecção e gestão, providos do estrito cumprimento de um bom código de conduta, devem ser envolvidos para alavancar o país. O laxismo é uma realidade presente e crescente!
III – Captação de Novos Talentos.
Existem sociedades em que a escolha de uma abordagem muito específica e adaptável, constitui um dos elementos chave para o alcance de objectivos definidos num qualquer projecto. As expressões a serem utilizadas, logo de início, podem comprometer, pela positiva ou pela negativa, a evolução dos trabalhos subsequentes.
IV – Aspectos que condicionam o saneamento comportamental de uma sociedade. Em simples análise, eis alguns:
- Progressiva anarquia social fomentada pela ausência de autoridade de Estado, e fraca liderança nos mais altos cargos da Nação.
- Deterioração de conduta cívica dos dirigentes, deputados, órgãos de gestão de grande parte dos organismos públicos e empresas públicas.
- Patrocínio e fomento de governação frágil, de gestão débil, de escolhas tendo por base facilitismo, nepotismo e peso no seio da cor partidária hegemónica, em detrimento da aposta no trabalho técnico, na especialização e na atribuição de funções de acordo com as capacidades específicas do Capital Humano existente e disponível.
- Um talento que se distinga ou se apresente potencialmente como capital humano, pode confrontar-se com indivíduos que se retraem, adoptando uma posição negativa de repulsa ou até de exterminação, por ser percepcionado como sendo uma ameaça.
- Vive-se perante a aparência de que um conjunto de cidadãos encontra-se com a mesma motivação, os mesmos princípios e ideais, todavia, em sociedades frágeis, nas entrelinhas e nos interstícios, os mesmos cidadãos são incapazes de agir com igual irreverência ou transparência, incapazes de questionarem-se e de pôr em questão, pois são beneficiários do sistema de diversas formas, por ex., através de empresas de prestação de serviços e de fornecimentos de bens e, até, em alguns casos, eles e estas suas empresas co-habitam com esquemas de sobrefaturação e de negócios de privilégios.
- Fraca capacidade de identificação de oportunidades diante de crises, por comodismo e resignação, bem como algum espírito de negação face a críticas construtivas.
- Profunda desigualdade social, com reflexo específico na desigualdade de género, e débil empoderamento masculino, facilitado por tímida dinâmica de emancipação feminina.
É assim que, rompendo com o obscurantismo, espera-se convictamente que um conjunto de cidadãos junte-se com a mesma motivação, encontre-se por comungarem dos mesmos princípios e valores e promovam debates por acreditarem que o País tem futuro, tornando-se esta a outra face da mesma moeda que SOMOS + assume como desafio, questionando e debatendo, sem complexos, contribuindo, assim, sim, para uma sociedade forte, na qual o mérito e a competência devem ser a medida de quase todas coisas.